Ele não abria o vidro do carro porque tinha medo do mundo que vinha lá de fora. O vento poderia bagunçar seus pensamentos e o levar a acreditar que estava tomando a decisão errada.
Parece que foi ontem, mas já faz um mês que ele decidiu largar tudo e sair por esse mundo. Justamente por onde tinha mais medo.
A vida na repartição estava insuportável, e ele já não sabia mais como não fugir dali. Como jogaria tudo pro alto? Ele não fazia ideia, mas não poderia mais adiar o momento de pular o muro e se ver livre daquilo tudo. A hora certa chegou, e ele decidiu virar a página. O cotidiano é um vício e ele estava inebriado. Muitas coisas morreram dentro dele e ele não tinha percebido. Quando se deu conta, era tarde demais.
Raiva demais, decepções demais, pessoas demais, amor de menos.
Muitas mulheres passaram por sua vida, mas nenhuma escolheu ficar. E agora era ele que queria ir embora. Na estrada, enxergava uma luz ao final do caminho. Tinha medo, remorso não. E, ao perceber isso, abriu a janela da alma e deixou o vento entrar.
Q lindo....
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