The book is on the train

Sim. Eu, que tenho uma memória espetacular - só que o contrário -, comprei um livro bacana numa livraria bacana num sábado ensolarado e calorento de NYC. E na terça esqueci o livro no banco do metrô. Coincidência ou não, ou quem sabe uma brincadeira do destino, escrevi pela manhã meu nome e meu telefone na contracapa. Isso é um hábito meu.

Mas nesse mesmo dia, ao voltar pra casa, li duas páginas e, ao pegar qualquer outra coisa na mochila, repousei o livro ao meu lado e lá ele ficou quando saí esbaforida pra pegar o próximo trem.

Fiquei &%$# quando lembrei, mas nessa minha nova fase em outras terras, prometi a mim mesma não me estressar com coisas pequenas. Nem grandes.

Então o que me restou foi achar o lado positivo disso tudo. Quem sabe o amor da minha vida encontrasse o livro e, de brinde, me achasse também?

Ou uma boa alma americana simplesmente resolvesse fazer uma boa ação e me ligasse pra devolver? E eu ainda poderia fazer um new friend.

Esperei...
Esperei...
Esperei...

Até que decidi ir no achados e perdidos e achei só crachás, sombrinhas e chaves esquecidas.

Mas ninguém me achou.

Ninguém me devolveu o livro.

Mas talvez o cara que seria da minha vida tenha achado o livro, que era de amor, e ao ler também dentro do trem, iniciou uma conversa com a latina ao lado e realmente encontrou a outra mulher da vida dele.

Ou talvez um americano tenha sentado ao lado do meu livro e se interessou pela história de Eleanor & Park. E decidiu não devolver.

No fim de tudo, fiquei sem o livro. Sem o amor da minha vida. Sem o novo amigo.

Mas fiquei também com uma boa história pra escrever uma boa crônica. E assim já valeu a pena.